A notícia a seguir pode ser bem desagradável para aqueles que gostam de desconversar: o juiz Sérgio Moro afirmou que há prova do envolv...
A notícia a seguir pode ser bem desagradável para aqueles que
gostam de desconversar: o juiz Sérgio Moro afirmou que há prova do envolvimento
de Bumlai em corrupção "mediante vantagem indevida concedida aos
dirigentes da Petrobras e a ele mesmo, José Carlos Bumlai, e ao Partido dos
Trabalhadores".
"José Carlos Bumlai se insere totalmente nesse quadro, pois as provas indicam que disponibilizou seu nome e suas empresas para viabilizar de maneira fraudulenta recursos a partido político, com todos os danos decorrentes à democracia, e, posteriormente, envolveu-se na utilização de contrato público de empresa estatal para obter vantagem indevida para si e para outrem", escreveu Moro.
Pelo menos dois tesoureiros do PT, Delúbio Soares e João Vaccari
Neto, além do ex-ministro José Dirceu participaram, segundo delatores da Lava-Jato,
da negociação envolvendo empréstimos ao amigo de Lula, José Carlos Bumlai.
Os valores nunca foram pagos, mas o grupo de cedeu os empréstimos foi
compensado com um contrato bilionário com a Petrobras.
A participação dos envolvidos ocorreu em fases diferentes da
negociação. Três delatores da Lava-Jato
relataram o acerto. O principal deles é Salim Schahin, sócio do Grupo Schahin,
que teve seu acordo de delação premiada homologado na semana passada pela
Justiça.
Salim contou ter se reunido com Delúbio Soares, então tesoureiro do
PT, e com Bumlai para discutir o empréstimo de R$ 12,180 milhões, que serviria
para pagar dívidas da campanha presidencial de Lula em 2002, estimadas em R$ 60
milhões.
O tesoureiro do PT garantiu que a Casa Civil confirmaria as
garantias. Dias depois Salim recebeu um
telefonema do então ministro da Casa Civil José Dirceu confirmando o acordo. "a
mensagem estava entendida".
O delator disse que concedeu o empréstimo, porque ele "abriria oportunidade de retorno em negócios para o grupo junto ao governo", mas o valor não foi pago e o empréstimo foi sucessivamente renovado. Em 2005, Delúbio Soares e Marcos Valério teriam ido juntos ao banco para tratar da quitação, mas o problema não foi resolvido.
Pressionado pela fiscalização do Banco Central (BC) em função da
inadimplência, o banco chegou a conceder três empréstimos a uma das empresas de
Bumlai, a Agro Caieiras, para resolver o primeiro. Por fim, a dívida já
alcançava R$ 21,267 milhões e foi transferida para a securitizadora do grupo,
para evitar problemas com o BC.
Salim disse que, em 2006, decidiu procurar João Vaccari Neto, então
tesoureiro do PT, para pedir "auxílio político" para que a Schahin
fosse contratada para operar o navio sonda Vitória 10.000. Segundo ele, ficou
acertado que a contratação quitaria o empréstimo dado ao PT em nome de Bumlai.
Como o negócio não saía, o lobista Fernando Baiano sugeriu a Bumlai
que acionasse seus contatos políticos, como José Sérgio Gabrielli e o
ex-presidente Lula. Aqui surgem os primeiros indícios de crime de tráfico de influência, corrupção e formação de quadrilha que podem comprometer o ex-presidente Lula.
Segundo o juiz Sérgio Moro, foram constatadas duas transferências suspeitas
para uma empresa que também lavou recursos fraudulentos a dirigentes da
Petrobras. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) também identificou
operações irregulares de dinheiro nas contas da usina do amigo de Lula.
@muylaerte