O empresário Eike Batista estréia na Operação Lava Jato. Segundo o novo delator da Lava Jato, Eduardo Musa, A OSX, de Eike Batista, ...
O empresário Eike Batista estréia na Operação Lava Jato. Segundo o
novo delator da Lava Jato, Eduardo Musa, A OSX, de Eike Batista, participou de
um esquema de propinas para obter contratos na Petrobras.
Conforme artigo publicado no Estado de Minas, novo delator da Lava Jato, Eduardo Vaz Costa
Musa, ex-gerente-geral da área Internacional da Petrobras, afirmou à força
tarefa que a empresa OSX, braço do grupo EBX, de Eike Batista, participou do
esquema de cartelização e pagamentos de propinas na Petrobras para disputar
licitações na diretoria Internacional da estatal petrolífera. O delator,
contudo, disse não ter conhecimento se Eike sabia do esquema.
Musa afirmou que em 2012, quando já havia deixado a estatal e
trabalhava como diretor de construção naval da OSX, a licitação para as
contratações de dois navios-plataforma, P-67 e P-70 foram fraudadas pelo
consórcio Integra, formado pela Mendes Jr e pela OSX. O consórcio acabou
vencendo a licitação de mais de US$ 900 milhões na época.
O delator informa que ocorreram reuniões entre representantes da
Mendes Jr e da empresa do grupo EBX, incluindo ele e o CEO da OSX Luiz Eduardo
Carneiro, para discutir o acerto de propinas a João Augusto Henriques, apontado
como operador de propinas do PMDB na Diretoria Internacional.
O delator afirmou que Luiz Eduardo Carneiro mantinha contato com
Eike, mas disse aos investigadores que não poderia confirmar se o dono do grupo
EBX tinha conhecimento do esquema na Petrobras.
Em um destes encontros, relata, o diretor de Desenvolvimento de
Negócios da Mendes Jr, Luiz Cláudio Machado Ribeiro "trouxe a informação
que o consórcio teria que pagar propina para o lobista João Augusto Henrique
que, em troca, forneceria informações privilegiadas de dentro da Petrobras para
orientar a formação da proposta técnica", disse aos investigadores da Lava
Jato.
De acordo com Eduardo Musa, o valor acertado no encontro foi de R$
5 milhões. O delator não soube explicar como foram feitos os pagamentos por
parte da Mendes Jr, mas admitiu que João Henriques tinha relação com o PMDB e
influenciava na Diretoria Internacional, tendo atuado para indicar o ex-diretor
Jorge Luiz Zelada, que ficou no cargo de 2008 a 2012, e outros executivos da
área.
Um dos encontros para discutir a propina teria ocorrido na sede da
OSX, no Rio de Janeiro, e, segundo o delator, as informações privilegiadas
"eram trazidas por Luiz Cláudio (da Mendes Jr), de forma verbal e
consistiram em saber: 1) Quem eram os concorrentes mais importantes, que eram Jurong
Kepel Fells, Engevix e outro consórcio que o declarante não se lembra o nome;
2) informação sobre estimativa de preços que deveria ser apresentada pelo
consórcio; 3) viabilidade do canteiro de obras (tinha que ser um lugar que a
Petrobras aprovasse); 4) estratégia da comissão de licitação, que consistia
saber o que eles iriam pedir, como por exemplo as informações complementares
que seriam solicitadas pela comissão, possíveis alterações no cronograma,
dentre outras coisas".
Ainda segundo Musa, o executivo da Mendes Jr se encontrou
pessoalmente com João Henriques durante "todo o ano de 2012" para
obter as informações privilegiadas. Eduardo Musa disse ainda que depois de
deixar a OSX, em maio de 2012, foi informado por Luiz Cláudio que "João Augusto
Henriques estaria insatisfeito com o não recebimento de propinas e que ele
estaria fazendo cobranças". O delator, contudo, não soube dizer quanto
efetivamente foi pago de propina ao lobista do PMDB.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Eike Batista, mas o
advogado estava em um compromisso forense e não pode retornar os contatos. A
OSX ainda não retornou os contatos da reportagem. A Mendes Jr informou que
"a empresa não se pronuncia sobre inquéritos e processos em
andamento".