Excetuando as manifestações de junho de 2013, que contou com a presença maciça de praticamente todas as classes sociais, as demais manife...
Excetuando as manifestações de junho de 2013, que contou com a presença maciça de praticamente todas as classes sociais, as demais manifestações organizadas a partir daquele fenômeno contaram basicamente com integrantes da classe média.
Não é difícil compreender as diferenças entre as primeiras manifestações de 2013 e as que se sucederam. Embora a pauta de reivindicações tenha sido bastante ampla, o fator que precipitou as manifestações de junho de 2013 foi o aumento nas tarifas de transporte público em todo o país, mas principalmente nas capitais. O movimento contou com a simpatia de cerca de 84% da população e provocou a queda na avaliação positiva da presidente para a casa dos 30%.
Na ocasião, Dilma conseguiu recuperar a simpatia de parte do eleitorado. O governo investiu bilhões na ampliação de programas sociais, descontos nas tarifas de energia e na contenção de uma série de aumentos, como foi o caso da própria energia, dos combustíveis e dos juros. Embora tenham gerado um rombo gigantesco que culminou na atual crise econômica que o país atravessa, o represamento dos aumentos garantiu a reeleição de Dilma.
Uma nova estratégia.
As manifestações programadas para 16 de agosto podem mais bem sucedidas se não forem predominadas pela classe média. Sem a participação e espaço para outras camadas da sociedade, nem o governo, e principalmente o Congresso, irão se sentir pressionados como foram em 2013. Para atrais a adesão de uma parcela mais ampla, as estratégias para as manifestações previstas para 16 de agosto mereciam ser revistas.
Para tanto será preciso maior emprenho em ações fora das redes sociais, como a mobilização de voluntários munidos de impressos convocando moradores dos bairros mais pobres. Ainda há tempo de promover campanhas em estações de trem, terminais rodoviários e escolas da periferia.
Basta incorporar à pauta das manifestações algumas reivindicações mais "populares", como a redução das tarifas de energia, mais investimentos em saúde, segurança e a redução de impostos da sexta básica. Com estas medidas, torna-se possível popularizar o movimento, aproximando-o das características do que ocorreu em junho de 2013.
Uma outra estratégia que pode se provar bastante eficaz consiste em programas concentrações em locais onde há maior concentração das classes C e D. Os representantes das classes A e B possuem mais recursos e maior disponibilidade para deslocamentos. Por uma série de razões, as pessoas mais humildes e de menor renda se sentem desencorajadas a comparecer em manifestações em locais predominantemente "nobres".
Inciativas como estas podem significar maior poder catalisador, além de garantir maior pluralidade para os atos. A simples escolha de locais com maior concentração de pessoas pressupõe a sedução de um maior número de "simpatizantes" e maiores chances de ampliar a mobilização popular. Outro aspecto favorável é que desta vez o governo não dispõe de recursos para comprar a simpatia do povão, como fez em 2013.
Em alguns aspectos, o impacto de uma manifestação não é medido apenas pelo número de participantes, mas também pela sua abrangência geográfica e social. Quanto mais camadas da sociedade, maior o significado político. A avaliação dos governantes será sempre numérica e proporcional. Com a presença do povão que representa o voto em massa, as chances do 16 de agosto atingir o objetivo imediato são bem maiores.
@muylaerte