Em um país onde a corrupção e a impunidade vigoram há quase treze anos, o surgimento de uma figura como a do juiz federal Sérg...
Em um país onde a corrupção e a impunidade vigoram há quase treze anos, o surgimento de uma figura como a do juiz federal Sérgio Moro pode parecer uma fábula de histórias em quadrinhos. A diferença é que o jovem magistrado é real e, como os heróis das histórias em quadrinhos, é temido e atacado pelos mais inusitados vilões. Inclusive gente que sempre se posicionou contra a corrupção no país.
A corrupção no Brasil do PT está tão fora de controle que basta um juiz cumprir seu dever para se tornar herói nacional. Vergonha para a justiça do país!
Em muitos países, a notoriedade de Moro não faria o menor sentido, já que se trata de um juiz federal apenas tentando cumprir com seu dever. A surpreendente projeção do jovem magistrado é o triste reflexo de que a população no Brasil já havia sido vencida pelo cansaço, após tantos casos de corrupção e impunidade.
O homem que resgatou a esperança de milhões de brasileiros na justiça e provou que ainda é possível passar o país à limpo e assim como Joaquim Barbosa, se tornou uma celebridade nacional. Não é à toa que ´r tido por muitos como um super herói do combate à corrupção e seus mau feitores.
Responsável por mandar para a cadeia dezenas de empreiteiros, lobistas e políticos, ainda que temporariamente, o juiz federal afirma que não sente prazer em condenar ninguém.
Sobre ter se tornado tão popular, Sérgio Moro costuma reagir com simplicidade e diz que não se vê como uma referência nacional e até demonstra um certo desconforto com isso. “Não sou uma celebridade”, confidenciou à uma platéia composta por centenas de jornalistas e estudantes de comunicação do Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo.
De perto, não parece tão enérgico como nos despachos em que dialoga com o noticiário e defende as prisões que faz. Optou por um discurso de humildade ao tratar da importância de seu papel na Operação Lava Jato: “Sou uma peça dentro de um processo muito mais amplo”. De fato, é. Magistrado de primeira instância,
Moro só age em resposta à rígida atuação de uma força-tarefa formada por procuradores da República e policiais federais. Além disso, por mais que suas decisões tenham tido repercussão internacional, já que raramente se vê tanta gente endinheirada atrás das grades, elas ainda poderão ser revistas em dois ou três tribunais superiores.
Em pouco mais de uma hora de conversa, Moro não tratou especificamente da Lava Jato porque é um caso que vai julgar futuramente e não quer ter sua decisão tecnicamente questionada. Apenas negou que seu objetivo seja prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Durante um descontraído bate-papo com os participantes do evento, ele evitou dar detalhes de sua vida pessoal. Não falou quantas horas trabalha por dia, se gosta de ler livros ou assistir à televisão e muito menos tratou de sua segurança pessoal. “Não falo sobre segurança por questões de segurança”. Evitou também opinar sobre questões que não são de sua esfera de atuação – lavagem de dinheiro –, como a redução da maioridade penal aprovada em primeira votação pela Câmara dos Deputados nesta semana. Analisando o sistema judiciário nacional o classificou como moroso, especialmente quando se trata de crimes de colarinho branco.
Sobre as críticas (algumas bastantes duras) que recebe por conta de suas decisões e rígidos despachos foi categórico: “Não sou nenhuma besta-fera”. Disse que atua de maneira reativa e, em outro momento, afirmou que julga sempre de acordo com as provas que constam do processo e nem sempre consegue responder a tudo que se fala sobre a operação. “Não se pode jogar uma pedra em todo cão que ladra.”
Economia
Desde que a Lava Jato estourou, representantes do Governo Dilma Rousseff (PT) se adiantaram numa operação para tentar resguardar a atuação das empresas investigadas em obras públicas. O principal argumento utilizado era que, sem elas, a economia do Brasil poderia sofrer um retrocesso porque boa parte da infraestrutura brasileira que está em construção depende dessas construtoras.
Diante desse argumento e questionado pelo mediador do evento, o apresentador Roberto d’Ávilla , Moro usou uma metáfora que ele próprio não considera tão feliz, mas válida. “O policial que descobre o cadáver não é culpado por homicídio. Acho que uma série de problemas vinham se acumulando há tanto tempo sem uma resposta adequada por parte de nossas instituições e, de repente, esses problemas apareceram de maneira bastante clara e o custo de solução deles é bastante grande. Mas eu indago: qual seria o custo se esse esquema tivesse continuidade?”.
Num outro momento, usaria uma frase do Homem-Aranha (mais precisamente, do tio de Peter Parker, Ben) para criticar o foro privilegiado — a possibilidade de que políticos sejam julgados em tribunais superiores — que, segundo ele, é "o contrário da igualdade". “Como eu gostava muito de revista em quadrinhos, lembro daquelas frases do Homem-Aranha onde dizia ‘quanto maior o poder, maior a responsabilidade’”
O pouco que falou de si foi que a operação Lava Jato o colocou em um processo de intenso estresse. Até por isso, quando tem de planejar sua vida a longo prazo, só consegue pensar uma coisa. “Quero tirar longas férias depois disso tudo."
@muylaerte com