Parte significativa dos brasileiros ainda consegue conviver com relativa tranquilidade, apesar da incomoda sensação de que há algo er...
Parte significativa dos brasileiros ainda consegue conviver com relativa tranquilidade, apesar da incomoda sensação de que há algo errado com o país. Alguns até tentam ignorar os riscos de seguirem indiferentes e esperam que tudo se resolva com o passar dos dias.
Não é preciso muito esforço para deduzir que boa parte destas pessoas podem ser encontradas nos grupos sociais com interesses comuns que se associam para, através do governo, obter vantagens, como é o caso dos grupos de pressão como associações e federações corporativas (Fiesp, Febraban, CNA, Anfavea, etc)
Um outro grupo bastante peculiar é dos rentistas (servidores públicos bem remunerados dos três Poderes e das empresas estatais, beneficiários de pensões "especiais" vitalícias, rendas de origem duvidosa e demais detentores de renda segura e estável onde não há necessariamente contrapartida do trabalho). São pessoas e familiares que não se sentem ameaçadas e não demonstram o menor interesse em engajarem-se em qualquer debate político.
Ha ainda o grupo dos beneficiários de programas sociais meia boca, com os quais o governo gasta cerca de 2% daquilo que destina aos bancos. Este grupo corresponde a camada mais barata da sociedade passível de ser comprada.
O problema é que a inércia destes grupos sociais acaba "contagiando" outros grupos mais vulneráveis aos desmandos do governo. São os alienados pelo sistema, os que preferem acreditar nos que estão escorados no Estado, nos meios de comunicação e nas emissoras que vivem de verbas do governo.
São pessoas tolas que não se dão conta de que vivem num país que oferece um conceito mínimo de democracia concebido por países ricos no século 19, que garante apenas e razoavelmente os direitos civis e o sufrágio universal (eleições). Apesar de alegar defender a Democracia participativa , o atual governo atua limitando a participação do povo à eleição de representantes sobre os quais a população tem pouco ou nenhum poder.
Isso explica como as pessoas conseguem conviver com "A incomoda sensação de que há algo errado com o país", sem que façam nada de efetivo no sentido de determinar novos rumos para a nação. Seguro de que não haverá reação negativa por parte da sociedade, o governo, que conhece bem estas "peculiaridades' da natureza do brasileiro, se sente à vontade para para aumentar abusivamente o preço da energia, dos combustíveis e dos juros. Diante do comportamento bovino da população, o governo se sente encorajado a fazer o que bem entende.
Sabedor da conveniência de alguns, da conivência de outros e do comodismo dos demais, o governo consegue anunciar cortes na educação, na saúde e ainda negar a própria corrupção sem muito esforço. Vai fazer isso num país civilizado para ver o que acontece?
Com relativa facilidade, o atual grupo político conseguiu aparelhar as estatais, assegurar a simpatia de servidores corruptos, premiar partidos e lideranças regionais em troca de apoio e assegurar a simpatia dos meios de comunicação através de generosas verbas publicitárias. Estes foram os instrumentos usados para tirar o Brasil dos brasileiros.
O problema é que o o grupo político que se apoderou do estado tinha um único plano: um plano de poder. Não há como afirmar que este projeto se esgotou, pois nunca houve um projeto. Apenas se assegurou o interesse dos poderosos, como bancos, montadoras, pecuaristas e meios de comunicação. A inépcia deste grupo político provocou uma das mais graves crises econômicas dos últimos 25 anos. Estão promovendo o esgotamento do patrimônio dos brasileiros sem que ninguém faça nada.
Enquanto isso, o povo ignora que a mobilização popular a única forma de promover transformações no país. A única coisa que realmente assusta e que causa medo nesta gente é o povo nas ruas. Eles se apavoram quando sentem o chão tremer com a pressão da multidão. Acuados, começam a devorar uns aos outros, a derrubar uns aos outros e a denunciar uns aos outros.
A verdadeira Democracia participativa pressupõe a possibilidade de intervenção direta dos cidadãos nos procedimentos de tomada de decisão e de controle do exercício do Poder. Numa democracia participativa, a participação popular não se limita ao período eleitoral, mas durante todo o mandato dos governantes. Este é o momento em que o país mais precisa do povo nas ruas. Somente uma monstruosa mobilização popular será capaz de livrá-lo da pior geração de políticos que já existiu em toda a história.
Se você não é apenas mais um covarde, alienado ou acomodado, se você não faz parte do grupo de sanguessugas que vive de benefícios ou outras formas ilícitas de renda, se você ainda acredita que é possível intervir em favor de um país melhor para as futuras gerações, vá para a rua gritar e exigir mudanças. Sem sua intervenção, o país irá afundar cada vez mais, sem que muitos percam seus privilégios.
@muylaerte