A juventude que supostamente deveria ser um organismo vivo em constante processo de evolução parece ter perdido sua essência. Pelo m...
A juventude que supostamente deveria ser um organismo vivo em constante processo de evolução parece ter perdido sua essência. Pelo menos no Brasil. A atitude contestatória cedeu lugar à subserviência. Os valores hoje são outros.
Embora tente “imitar” os jovens dos anos 70, 80 na postura, na moda ou no gosto musical, a juventude de hoje deixa muito a desejar em relação a seus pares de décadas atrás.
A galera de hoje parece mais preocupada em se ajustar às regras do que se empenhar em mudá-las. O pensamento, o grande diferencial de cada um no passado, cedeu lugar ao visual, à posses e à ostentação. A inteligência e o senso crítico perdeu espaço para os músculos e os corte de cabelo. Até mesmo o individualismo se tornou obsoleto. Hoje em dia é mais fácil se vestir, falar e gostar das mesmas coisas. É a geração “chapinha e topete”.
Aquilo que era um caldeirão em constante ebulição acabou se tornando uma massa pasteurizada de manobra. Ao invés de formar sua opinião, o jovem de hoje simplesmente “adere”. Segue o fluxo. Deixa baixo. Mesmo na periferia, o jovem de hoje pensa e se porta como um burguês.
Muitos ainda não entenderam de que a essência da juventude da época se encontrava no apreço à contestação. O inimigo número um era o Estado e suas regras, sua corrupção e seus desmandos.
Apesar de testemunharem e vivenciarem os maiores desafios em questões como a violência, a degradação do meio ambiente e o aumento da pobreza, o jovem dos dias de hoje, ao invés de lutar por transformações, achou mais comodo se tornar "politizado' e tomar partido. Seguindo o fluxo sem questionar.
Ao contrário do que muitos imaginam, um ser politizado não significa simpatizante de um partido. Ser politizado significa ter consciência de seus direitos e deveres políticos. O problema é que a juventude escolheu a hora mais errada para tomar partido. Do partido errado.
Muitos jovens alienados estão hoje a defender o Estado, o eterno inimigo. Incautos, se tornaram subservientes justamente sob a égide do governo mais corrupto de todos os tempos. O governo que mais violou os direitos dos índios, o que mais degradou o meio ambiente e o que mais impôs a lógica do consumismo. Mesmo tratando-se de um governo que vende a falsa ideia de transformar todo mundo em consumidor, o jovem de hoje, simpatizante ou não deste governo, segue calado.
Uma turma muito grande parece padecer de uma incapacidade congênita no pensar. Muitos acreditam que o fato de um partido de esquerda ter chegado ao poder já possui um grande significado, só que não. Seguem ignorando que o Estado é um só, seja governado pela esquerda ou direita.
@muylaerte