Há cerca de um ano e meio, o juiz federal Sérgio Moro era apenas mais um anônimo, como tantos outros juízes e procuradores federais. Tu...
Há cerca de um ano e meio, o juiz federal Sérgio Moro era apenas mais um anônimo, como tantos outros juízes e procuradores federais. Tudo começou a mudar com a investigação judicial ao esquema de corrupção em torno da Petrobras conhecida como Operação Lava Jato.
Desde então, a vida de Sérgio Fernando Moro, 42 anos, reconhecido como um dos maiores especialistas em crimes financeiros e de colarinho branco no sistema judicial do país, mudou bastante. Apesar do esforço em manter uma vida discreta, Moto se tornou uma celebridade nacional.
Suas aparições em público são festejadas pela população. Seja em restaurantes, no supermercado ou em salas de embarque de aeroportos, as pessoas fazem questão de manifestar o apoio, carinho e admiração pelo trabalho do jovem magistrado.
Implacável no combate à corrupção, Moro se tornou um herói para os brasileiros. À exemplo de outros ícones da justiça como o procurador norte-americano Eliot Ness, o juiz britânico William Erle ou o italiano Francesco Saverio Borrelli, Moro é insubornável e não se amedronta perante o crime organizado, o dinheiro ou o poder.
Segundo artigo da revista Época, Sérgio Moro é atualmente o homem mais poderoso – e seguramente o mais temido – do país. “Nenhum gabinete concentra tanto poder neste momento no Brasil quanto aquele no 2º andar da Avenida Garibaldi, 888. É de lá que despacha Sérgio Moro, o cérebro e centro moral da Lava Jato. A operação, na verdade, envolve dezenas de procuradores da República, delegados e agentes da Polícia Federal, equipes na Procuradoria-Geral da República, em Brasília, além do juiz do Supremo Teori Zavascki. Todos têm poder para definir, em alguma medida, os rumos das centenas – isso, centenas – de casos de corrupção investigados na Lava Jato. Alguns casos tramitam em Brasília, aqueles que envolvem políticos com foro no Supremo. Mas a maioria fica em Curitiba e de lá não sai”, assinala a revista.
Como líder máximo da investigação, cabe a Sérgio Moro definir a estratégia e tomar as decisões mais relevantes para conduzir o processo até ao chamado “bom termo”. Ele e a sua equipe avançam em uma sequencia aparentemente interminável de crimes, ilegalidades e cumplicidades ilícitas, num escândalo que abala os fundamentos do sistema político e econômico do Brasil.
As acusações e as suspeitas recaem sobre algumas das figuras mais importantes do Partido dos Trabalhadores e outros integrantes da base aliada do Governo, administradores das maiores empresas públicas e de dezenas de construtoras de projeção internacional.
No âmbito da Lava Jato surgiram ramificações, dezenas de “desdobramentos” a partir dos depoimentos dos mais de dezenas de delatores oficiais que estão colaborando com as autoridades na produção de provas, em troca de redução de pena.
Moro possui “virtudes raríssimas” para liderar a investigação, continua a Época: “Preparo jurídico, pensamento estratégico, inflexibilidade de princípios, coragem moral e disciplina de trabalho. Entra cedo, sai tarde e prossegue na lida mesmo de casa”, garante a revista.
A IstoÉ, que o elegeu Brasileiro do Ano de 2014, destaca o seu “estilo reservado e hábitos simples”. “Moro faz parte de uma rara safra de juízes que encaram a magistratura como profissão de fé”.
Entre outras homenagens, Moro foi eleito a personalidade do ano do prêmio 'Faz Diferença'. em uma iniciativa do jornal O Globo que fez a entrega do prêmio em cerimônia realizada no Rio de Janeiro.
Em pouco tempo, o juiz Sérgio Moro superou a projeção obtida pelo Ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, outra figura implacável no combate à corrupção no país, admirado por sua atuação no julgamento do processo do mensalão, que também envolvia vários integrantes do PT.
A menção do nome de Sérgio Moro tem causado sensações bem distintas nos últimos meses. Ente os políticos suspeitos, o juiz federal provoca calafrios, desespero e vontade de fugir. Entre a população, Moro representa a esperança de resgatar o país das mãos da maior organização criminosa de que se tem notícia até os dias de hoje.
@muylaerte