Em entrevista recente ao site da BBC, o empresário Wesley Batista, dono da Friboi, negou uma dívida bilionária atribuída à sua empresa ...
Em entrevista recente ao site da
BBC, o empresário Wesley Batista, dono da Friboi, negou uma dívida bilionária
atribuída à sua empresa junto ao BNDES e procurou esclarecer a questão para a
opinião pública.
BBC Brasil - Outro tema polêmico são os recursos que a
JBS recebeu do BNDES.
Wesley Batista - Aí temos outro mito descabido. Ouço
constantemente que a JBS recebe dinheiro subsidiado do BNDES. As pessoas não se
dão ao trabalho (de conferir). A JBS não recebe empréstimos do BNDES. Ponto.
Isso é público. A JBS não deve um
centavo ao BNDES. Público. Para não falar que não deve um centavo, deve 40
e poucos milhões de reais, que veio de aquisições que fizemos, da Tyson e da
Seara.
Wesley Batista - A JBS vendeu participação acionária para o
BNDESPar, que participa em 200 ou mais empresas. E importantíssimo: depois que
a JBS já tinha capital aberto.
Wesley Batista - Primeiro, a gente não acha que foi ajuda. O BNDES não nos ajudou. Ele fez um negócio e nós fizemos um negócio. E nós entregamos. Ajudar é quando você dá um dinheiro e não cobra. É difícil responder o que teria sido sem o BNDES. Há fundos soberanos em vários países e teríamos corrido atrás de interessados.
Como deu para perceber, o presidente do grupo JBS/Friboi tem certa dificuldade em reconhecer que os bilhões injetados pelo BNDES fizeram toda a diferença na trajetória do grupo. A frieza e ingratidão pode ser um indício perigoso.
O BNDESPar foi criado para administrar as participações do BNDES em empresas e tem como objetivo ajudar a desenvolver o mercado de capitais no país. Após cumprir seus “objetivos” nada sociais, não seria a hora do banco vender os ativos destas empresas antes que se pulverizem?
Ao invés do governo retirar direitos do trabalhador e promover um ajuste fiscal que sacrifica toda a população, não seria melhor reaver parte dos investimentos feitos pelo BNDES?
Com isso, o governo poderia facilmente arrecadar cerca de R$ 80 bilhões e não precisaria promover o ajuste fiscal ou cortar direitos trabalhistas.
Desde 2013, o retorno da carteira do BNDESPar teve uma queda de 16,6%. Isto significa prejuízo de alguns bilhões de reais que estão fazendo muita falta nesta época de vacas magras.
A Petrobras é a empresa de maior participação no portfólio do banco – com um total de 33,0%. Foi justamente a Petrobras que puxou os resultados da carteira do BNDESPar para baixo,
Em seguida, vem a JBS, dona das marcas Friboi e Seara e hoje maior empresa privada brasileira, com 20,2%. A Fibria, líder mundial na produção de celulose de eucalipto, representa 13,6% da carteira do BNDESPar e a Vale, 9,2%.
O lucro da JBS teve uma queda significativa no segundo trimestre deste ano. No período, o lucro líquido foi de R$ 80,1 milhões, queda de 68,5% ante o valor reportado em igual intervalo de 2014. O que já era ridículo para uma empresa de mais de R$ 30 bilhões, passa a ser motivo de preocupação.
Talvez seja este o momento do governo abandonar o "Capitalismo de Estado" e devolver ao BNDES o papel social do banco. Seria o momento do governo devolver ao menos parte dos bilhões que retirou do povo, ao invés de impor aos brasileiros tantos sacrifícios.
@muylaerte