O governo deu mais um passo no sentido de inibir o acesso à tecnologia por parte das camadas de menor renda no país. Com o fim da isençã...
O governo deu mais um passo no sentido de inibir o acesso à tecnologia por parte das camadas de menor renda no país. Com o fim da isenção de PIS/Cofins, o cenário para vendas de Smartfones no país será dramaticamente afetado, principalmente a partir de 2016, disse nesta terça-feira a consultoria IDC Brasil, que já previa queda de 8 por cento das vendas desses aparelhos em 2015, para 50 milhões de unidades.
A medida assinada por Dilma Rousseff vai na contra mão do resto do mundo, onde os aparelhos se tornam cada dia mais acessíveis. Com isso, as pessoas de menor poder aquisitivo serão forçadas a se contentarem com aparelhos cada vez mais inferiores, conhecidos como "bananada", vendidos no país abaixo de R$ 1 mil. Sonho de consumo entre os jovens, o iPhone mais caro do mundo está no Brasil, chegando a custar R$ 4.990,00.
O Diário Oficial da União já publicou a Medida Provisória 690, que elimina o programa de inclusão digital conhecido como Lei do Bem, que previa a isenção de PIS/Cofins para computadores, tablets, smartphones, modems e roteadores. O fim da isenção entrará em vigor a partir de 1º de dezembro.
Segundo Reinaldo Sakis, gerente de pesquisas da IDC Brasil, o fim da isenção traz mais um complicador ao cenário já difícil de venda de smartphones no Brasil.
"O aumento de impostos traz um problema a mais para um mercado que está ruim", disse Sakis, citando desaquecimento da demanda devido à menor confiança do consumidor e a depreciação do real frente ao dólar, que elevou custos para os fabricantes de eletroeletrônicos.
Uma forte reversão no mercado de smartphones em abril e maio já havia feito a consultoria prever queda nas vendas desses produtos no país em 2015. As vendas dos smartphones caíram 16 por cento em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 3,89 milhões de unidades.
De acordo com Sakis, a indústria de smartphones já teve alta indigesta nos preços dos aparelhos este ano, devido à valorização do dólar no período, uma vez que os insumos dos aparelhos são importados.
Com o fim da isenção a partir de 1º de dezembro, os preços deverão sofrer novos aumentos, especialmente a partir do primeiro trimestre de 2016. O analista acredita, porém, que algumas redes varejistas poderão preferir manter os preços no fim de 2015, época de maior demanda por aparelhos.
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) disse que foi surpreendida pela MP.
"O grande prejudicado será o consumidor, para quem a isenção do PIS/Cofins é totalmente repassada", disse a associação, completando que a lei de 2005 foi essencial para reduzir o mercado ilegal de comercialização de produtos de informática. Hoje, para ter um celular de qualidade, o pobre precisa se endividar e abrir mão de outras coisas essenciais, como roupas, lazer ou alimentação de qualidade. Não precisava ser assim. Um iPhone ou similar top de linha deveria custar no Brasil no máximo R$ 1.300,00, justamente para ampliar o acesso das camadas mais pobres às novas tecnologias.
A medida aumenta a desigualdade social no país, já que os Smartfones não se limitam a realizar chamadas e se tornaram um dos principais meios de acesso à informações. Um diferencial competitivo que joga os mais pobres para o fim da fila na luta por dias melhores.
@muylaerte
